O mar será essencial ao desenvolvimento do Alentejo Litoral na próxima década! Essa é, pelo menos, a convicção de Hélder Guerreiro, vogal-executivo do programa operacional Alentejo 2020, que encara a ligação da região "com o mar" como absolutamente fundamental no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio (QCA), seja no plano da sustentabilidade ambiental e da mitigação das alterações climáticas, seja ao nível da economia associada aos recursos marítimos (incluindo o Turismo).
Em entrevista ao "SW", Hélder Guerreiro revela que a fase de planeamento do novo plano de acção regional (PAR) que irá suceder ao Alentejo 2020 deve estar concluída no final do primeiro semestre de 2020, sendo, para já, prematuro antever o que se poderá esperar do novo QCA. Porém, diz, é certo que o Alentejo "permanecerá num perfil de região de coesão e, portanto, continuará a precisar dos fundos estruturais".
"Não temos a expectativa de diminuição daquilo que é o recurso financeiro para o Alentejo", reforça Hélder Guerreiro, revelando que a fase de planeamento do PAR permitiu a definição de "seis grandes desafios". "São seis desafios centrais e que agora vamos discutir", anuncia.
Segundo o vogal do Alentejo 2020, o "desafio dos desafios" tem que ver com a sustentabilidade do território, associada à adaptação às alterações climáticas e à utilização racional da água. "Queremos que no próximo QCA a água seja o 'desafio central'. Vamos até tentar que este elemento 'água' possa ser tratado de forma transversal em relação a tudo e aos seis desafios", observa.
A esta questão juntam-se os desafios da demografia e da necessidade de o Alentejo ter mais população, a definição de "melhores modelos de coordenação e trabalho colectivo", o "alargamento da base de competitividade" regional, o desenvolvimento do Sistema Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia, e as questões ligadas à mobilidade e conectividade das cidades, vilas e concelhos.
Oportunidades para
o Litoral Alentejano
No caso concreto do Alentejo Litoral e excluindo a questão agrícola, que ficará cargo do novo Programa de Desenvolvimento Rural, gerido pelo Ministério da Agricultura , Hélder Guerreiro prevê que o investimento de um milhão de euros previsto na criação do CIEMAR Laboratório das Ciências do Mar "pode ser bastante interessante".
Ao mesmo tempo, diz, áreas como as energias renováveis e a adaptação às alterações climáticas "podem, a curto ou médio prazo, obrigar a uma readaptação da lógica industrial que existe associada a Sines".
Por isso mesmo, continua, "acho que no próximo QCA seria muito interessante que possa ser pensado o que é que aquela grande infra-estrutura pode, do ponto de vista da requalificação, ser daqui a 20 ou 30 anos". "Não falo do 'desmantelar' de Sines, mas sim de que futuros podemos apontar a partir de Sines para o Litoral Alentejano. Que novos futuros em termos energéticos e como porta de entrada para o mundo", vinca.
Em simultâneo, Hélder Guerreiro entende que "a questão da ligação com o mar continuará a ser absolutamente fundamental para o resto da costa" do Alentejo Litoral, até por estar previsto "um pacote de fundos ao nível da sustentabilidade ambiental e das alterações climáticas onde a linha de costa é uma das 'frentes de batalha' para os processo de adaptação e mitigação das alterações climáticas".
Por outro lado, o gestor do Alentejo 2020 entende fazer sentido "continuar a aproveitar" as "componentes de competitividade associadas a Sines e a "competitividade ambiental do território", "até do ponto de vista turístico", dando como exemplo o projecto da Rota Vicentina.