A criminalidade aumentou, pelo quarto ano consecutivo, nos cinco concelhos do Alentejo Litoral, onde foram registados mais 161 crimes participados em 2023 face ao ano anterior. Os números constam do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo a 2023, elaborado pelo Conselho Superior de Segurança Interna e entregue pelo Governo na Assembleia da República no final de maio.
De acordo com o documento, a que o "SW" teve acesso, no ano passado foram registados 4.076 crimes participados às autoridades em toda a região do Alentejo Litoral, que abrange os concelhos de Odemira, Sines, Santiago do Cacém, Grândola e Alcácer do Sal, mais 161 que os que foram registados em 2022.
Por concelhos, Odemira voltou a ser o município com mais participações registadas ao longo do ano passado, num total de 1.160, mais 146 que no ano anterior. A criminalidade aumentou igualmente nos concelhos de Sines, com 777 crimes participados (mais 48 que em 2022), e de Alcácer do Sal, com 543 crimes (mais 58).
Por oposição, e de acordo com o RASI 2023, as autoridades registaram menos crimes em Santiago do Cacém, num total de 914 (menos 48 que no ano anterior), e em Grândola, com 682 participações (menos 43).
O Alentejo Litoral engloba concelhos de dois distritos, Beja e Setúbal, que registaram dois dos três maiores aumentos da criminalidade participada no país em 2023, sendo apenas "superados" por Faro.
No caso do distrito de Beja, que abrange o concelho de Odemira, no ano passado foram registadas 5.796 participações de crimes, mais 636 que em 2022, o que representa um aumento de 12,3%. Já Setúbal registou 35.310 crimes, mais 4.040 que no ano anterior, ou seja, um aumento de 12,0%.
No que toca à criminalidade violenta e grave, Beja registou um aumento pelo segundo ano consecutivo, na ordem dos 24,2%, com um total de 149 participações, mais 29 que no ano anterior. A subida foi ainda maior em Setúbal, de 26,6%, devido a um total de 1.684 participações, mais 354 que em 2022.
Relativamente à violência doméstica, o RASI 2023 aponta para uma quebra de 0,5% no distrito de Beja (com um total de 419 ocorrências, menos duas que em 2022) e para um aumento de 3,6% no distrito de Setúbal (2.995 ocorrências, mais 104 que no ano anterior).
E no que toca a ilícitos registados em ambiente escolar, que aumentou 12,4% em termos nacionais em 2023, Beja teve 107 ocorrências participadas no ano passado e Setúbal 794, sendo o terceiro distrito com mais participações nesta área.
Quanto ao número de participações por incêndio ou fogo posto, o distrito de Beja registou em 2023 um total de 170 participações, menos sete que no ano anterior, enquanto em Setúbal foram registadas 358, mais 24.
No RASI 2023 consta ainda que Beja foi um dos três distritos, a par de Braga e Bragança, onde foram registadas mais investigações relacionadas com o tráfico de pessoas. Segundo o documento, foram 87 as vítimas identificadas (menos quatro que em 2022), na sua maioria homens e em situações de "tráfico laboral na agricultura", provenientes sobretudo de países asiáticos (39), africanos (23) e da América do Sul (15).
Por fim, o relatório revela, no que toca à segurança do espaço marítimo em Portugal, que o Porto de Sines recebeu, no último ano, um total de 1.859 navios mercantes, menos 49 que em 2022, dos quais 1.690 de cargas classificadas como perigosas e 169 de outras cargas. Foi ainda registado em Sines um movimento de um navio militar.