O presidente da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP), Álvaro Mendonça Moura, considera ser necessário "defender os trabalhadores migrantes" que trabalham na agricultura, garantindo-lhes "condições dignas de trabalho e habitação".
"Precisamos, todos juntos, inclusivamente em sede de Concertação Social, de defender os trabalhadores migrantes, garantir-lhes condições dignas de trabalho e habitação e que sejam devidamente integrados nas comunidades", afirmou Mendonça Moura numa visita recente ao concelho de Odemira.
O líder da CAP disse ainda que "ser a favor de uma imigração controlada é ser a favor do desenvolvimento do país", sublinhando que a mão de obra estrangeira "contribui fortemente para a sustentabilidade económica e social portuguesa e assume particular importância em setores como a agricultura em todo o país e Odemira não é exceção".
A visita de Álvaro Mendonça Moura a Odemira, a 24 de junho, foi promovida pela Lusomorango Organização de Produtores de Pequenos Frutos, tendo como objetivo dar a conhecer os desafios e oportunidades da gestão da água, da inovação e da inclusão de trabalhadores migrantes no território.
A iniciativa começou com uma visita ao Centro de Investigação para a Sustentabilidade, dinamizado em conjunto pela Lusomorango com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e as empresas Driscoll's e Maravilha Farms.
Segundo a Lusomorango, trata-se de um local "onde se produz conhecimento para o setor agrícola através do desenvolvimento de soluções inovadoras que permitam produzir de forma sustentável, em quantidade suficiente, e com menos recursos".
Neste momento, entre outras linhas de investigação, o Centro está a realizar um estudo e avaliação sobre o "desempenho das plantas em condições específicas de disponibilidade de água".
Depois, a comitiva da CAP passou pelas instalações da Maravilha Farms, na Quinta da Bica, para conhecer a produção desenvolvida no local, assim como as Instalações de Alojamento Temporário Amovíveis (IATA) inauguradas recentemente e que garantem alojamento "digno e de qualidade" a cerca de duas centenas de pessoas.
O programa incluiu ainda uma visita ao campo de produção e à unidade industrial de embalamento da Vitacress, na freguesia de Boavista dos Pinheiros, onde a empresa apresentou a sua política de sustentabilidade e responsabilidade social, bem como os principais eixos de atividade que desenvolve nestes domínios.
No final da visita ao concelho de Odemira, o presidente da CAP disse ter testemunhado "como a investigação, a inovação e a ciência são ingredientes essenciais para a receita do desenvolvimento sustentável".
"Investir na boa gestão do recurso água e na qualificação das infraestruturas de captação, armazenamento e distribuição são cruciais para o crescimento do setor agrícola e das nossas exportações e para a coesão territorial", reforçou.
Já o diretor-geral da Lusomorango, Joel Vasconcelos, realçou o facto de "a seca prolongada e a pouca água disponível" terem "condicionado, nos últimos anos, o crescimento de área produtiva e criado limitações no fornecimento de água para a maior parte dos produtores agrícolas" no Sudoeste Alentejano.
Este responsável acrescentou que, "em 2024, a previsão de que as condições de utilização de água sejam igualmente exigentes às da campanha do último ano reiteram a necessidade urgente de realizar as intervenções que são fundamentais para a sustentabilidade da principal atividade económica da região, uma preocupação partilhada pela CAP".