Um total de 34 entidades públicas e privadas subscreveu, esta semana, em Odemira, um manifesto no qual é pedido o reforço da disponibilidade de água no Sudoeste Alentejano e no Algarve, através de investimentos como a interligação entre as barragens de Alqueva, Santa Clara e Odelouca.
O manifesto, intitulado "Água ao Serviço do Futuro", foi assinado na terça-feira, 5, durante o primeiro encontro do movimento com o mesmo nome, que decorreu na barragem de Santa Clara.
No documento, promovido pelas câmaras de Odemira, Ourique e Aljezur, assim como pela organização de produtores do setor das frutas e legumes Lusomorango, os subscritores lembram que "Portugal é um dos países do sul da Europa que mais sofrerá com o impacto das alterações climáticas".
Por isso, "a disponibilidade de água é um dos maiores desafios que o mundo enfrenta" e "Portugal, nomeadamente o sul do país e em particular as regiões do Sudoeste Alentejano e do Algarve, não são exceção", pode ler-se no manifesto, ao qual o "SW" teve acesso.
Para os signatários do manifesto, "a solução para ultrapassar a realidade que se vive hoje e que se perspetiva para o futuro" nesta zona do país, relativamente à disponibilidade de água, "existe e está identificada", passando por trazer "a água de onde ela abunda para onde ela escasseia".
Para tal, é pedido o reforço do Alqueva "como grande reservatório para a regularização hídrica do sul do país" e da Barragem de Santa Clara "como hub para a distribuição de água ao Sudoeste Alentejano e ao Barlavento Algarvio".
Esta solução permitirá aproveitar esta albufeira, que é "um dos maiores reservatórios de água do país", e torná-la "no 'pulmão' de água capaz de servir estas duas regiões e garantir a sobrevivência destes territórios", advogam.
No documento, é também pedida a interligação Alqueva-Santa Clara-Odelouca, que "já se encontra ligada por túnel ao sistema Funcho-Arade, faltando a interligação à [Barragem da] Bravura", no Algarve.
Por fim, o manifesto defende que "a reabilitação das infraestruturas do sistema de distribuição de água", as quais, "podendo estar operacionais 3/4 anos após a tomada de decisão, têm capacidade para garantir os recursos hídricos necessários aos consumos atuais e futuros de forma sustentável, justa e competitiva do Sudoeste Alentejano e do Algarve". "Esta é uma solução que, no seu total, prevê um investimento da ordem dos 130 milhões de euros", realça o documento.
Os signatários do manifesto afirmam igualmente que é "urgente concretizar" o "que já está aprovado e que ainda não avançou", assim como "os projetos de modernização previstos e com financiamento aprovado". E reclamam o avanço "para a total pressurização dos perímetros de rega, em especial do Perímetro de Rega do Mira, que registou em 2023 perdas no sistema de distribuição de cerca de 48%, ou do Alvor, no Barlavento Algarvio".
Este "é o momento de decidir", assim como "de agir" e "de construir a solução que pode garantir o futuro destas regiões, das suas empresas e das suas pessoas", alerta o manifesto "Água ao Serviço do Futuro" vai ser entregue ao Governo, no âmbito da estratégia "Água que Une", iniciativa interministerial cuja apresentação está prevista pelo executivo para o final deste ano.
Os municípios alentejanos de Odemira e de Ourique e os algarvios de Aljezur, Lagoa, Lagos, Monchique e Vila do Bispo são alguns dos subscritores do documento, o mesmo acontecendo com a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL).
O manifesto tem também como signatários a Lusomorango, a Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA), a Federação Nacional de Regantes, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e empresas agrícolas.
Outros subscritores são as entidades regionais de turismo do Alentejo e Ribatejo e do Algarve ou a empresa mineira Somincor, concessionária da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde.