A água do Alqueva vai chegar até 2030 ao Mira, para reforçar a barragem de Santa Clara e o respetivo perímetro de rega. O projeto consta da estratégia nacional "Água que une", apresentada no passado domingo, 9, pelo Governo e que representa um investimento total a rondar os 5.000 milhões de euros.
No caso concreto do Alentejo, a estratégia prevê um total de 58 medidas, suportadas por um investimento de 156 milhões de euros. É neste âmbito que é proposta a interligação Alqueva-Mira, a concretizar entre 2026 e 2030 e que custará 35 milhões de euros.
Nos planos do Governo surge ainda a modernização e reabilitação total do Aproveitamento Hidroagrícola do Mira, que deverá ser executada até 2030 e representa um investimento total de 170 milhões de euros.
Esta intervenção tem por objetivo a "redução de perdas e reabilitação integral do sistema adutor de Santa Clara e dos blocos de rega", visando o "aumento da eficiência hídrica e automação de equipamentos".
A estratégia apresentada pelo Governo inclui também o programa ZILS/H2O, avaliado em 90 milhões de euros e a concretizar entre 2027 e 2031, para "gerir de forma integrada e sustentável o abastecimento ao polo industrial de Sines" com recurso "a três origens de água", tendo em vista a expansão da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), "com investimentos que a consolidam como um hub intercontinental nas áreas da logística, energia e telecomunicações".
De acordo com o documento, "diante do previsível aumento da procura de água, torna-se essencial assegurar um serviço de abastecimento eficiente, que responda tanto às exigências quantitativas como qualitativas de cada indústria, seja para processos de arrefecimento ou incorporação na produção".
Nesse âmbito, a estratégia propõe "um modelo de operador único na região", centrado na empresa Águas de Santo André (AdSA), "enquanto entidade pública, garantindo a equidade e competitividade dos serviços prestados".
Para tal, acrescenta o documento, o operador "deverá gerir de forma integrada e sustentável as diversas fontes de água disponíveis", para que seja possível "o fornecimento de água de baixa salinidade a partir de fontes superficiais, água de média salinidade através da reutilização de águas residuais tratadas na ETAR de Ribeira dos Moinhos e a captação de água do mar para grandes consumos industriais", nomeadamente a "produção de hidrogénio e a operação de centros de dados".