12h38 - quinta, 05/10/2017
As Autárquicas ou aprender a voar
Hélder Guerreiro
É curioso que o verão não parou. Aquela coisa do verão de São Martinho, que se diz que veio mais tarde ou mais cedo do que o habitual, desta vez colou com o grande verão.
Vem isto a propósito de não encontrar nenhuma citação engraçada nem nenhum poema adequado para começar um texto sobre autárquicas onde foi evidente que, apesar da confusão geral, as pessoas souberam bem o que fazer, como sempre.
A nível local (o meu local) o PS ganhou em toda a linha com mais votos para a câmara municipal de Odemira (manteve os 5 vereadores conquistados em 2103), elegeu mais um deputado municipal e conquistou mais uma junta de freguesia. A normalidade decorreu desde o inicio: os diferentes partidos, quando entenderam, escolheram, em liberdade, os seus candidatos; Apresentaram-nos como e quando quiseram; e, que se saiba, todos sabiam as condições (financeiras, logísticas e políticas) em que concorriam tendo em conta que está na lei.
Serve esta constatação para realçar a anormalidade local que passou por alguns episódios de um certo queixume por condições diferentes para chegar a um mesmo objetivo. Claro que existem condições diferentes mas isso é do conhecimento de todos antes de tomarem decisões.
Há falta de melhor enveredaram pela evidente falta de talento poético, teceram elogios à simplicidade, à beleza e à juventude de determinados candidatos e, por fim, recorreram aos bafientos gritos de que os adversários (os do PS) usavam da calunia, que tinham ideias revolucionárias ou "modernaças" demais para o povo e ou que tinham falta de cultura democrática. Na verdade terá sido o desespero que não lhes permitiu assumir que as pessoas votam livremente. O que os leva a fazer poesia, sem talento nenhum isso, já não sei.
Não foram ganhas todas as Juntas de Freguesia mas as pessoas voltaram a votar no Nuno (S. Martinho), no Fernando (St.º Clara), no Manuel Penedo (Colos), na Glória (Longueira/Almograve), no Manuel (Boavista) e elegeram o Fernando (Saboia), o Fernando Parreira (S. Luís), o Dário (S. Teotónio) e o Francisco (Milfontes). Não elegeram a Fátima (Vale), o Paulo (Luzianes), o Cópio (Odemira) nem o Artur (relíquias). Estes homens e mulheres (tal como os dos outros partidos) merecem o respeito e a consideração de terem decidido em consciência candidatar-se. Não podem ser diminuídos por suspeitas, por estereótipos associados a características físicas e/ou por poemas de qualidade muito duvidosa.
Que dizer sobre a escolha inequívoca que as pessoas fizeram pela lista do PS à Câmara e à Assembleia. Que características têm o José Alberto e a Ana Aleixo que os distingue dos restantes?! Julgo eu que nada mais do que serem capazes de gerar mais confiança, do que os outros, nas pessoas que votam livremente.
É bem verdade que este texto pode ser considerado chato por ser, aparentemente, informativo e sem aquela chama de sentimento forte. Sim poderia falar livremente da amizade que me liga a quase todos e todas as eleitas pelo PS a todos os órgãos de Odemira. Podia e sim posso dizer livremente que sinto um orgulho enorme (gigante) na minha irmã que vai agora exercer o cargo de vereadora no concelho que ela ama tanto quanto eu. Podia pois dizer que o Fernando Parreira e o Dário (tal como o Nuno) são jovens que representam, para mim, uma nova geração de autarcas que podem vir a ter um efeito transformador na forma de se ser presidente de junta de freguesia. E podia dizer que os restantes são pessoas com uma qualidade incrível e que com isso Odemira está muito bem entregue.
A nível regional o PS também ganhou e o Alentejo deu um grande contributo para a maior vitoria de sempre nas eleições autárquicas, a nível nacional. No "meu" Baixo Alentejo o PS não perdeu nenhuma das câmaras que detinha e teve várias vitorias. Umas foram inesperadas, outras esperadas mas todas elas foram vitorias merecidas. O Álvaro (Moura), o António (Castro Verde), o João (Barrancos) e o Paulo (Beja) corporizam essas novas vitórias mas o Nuno (Sines), o José Alberto (Odemira), o muito saudado regresso do Luís Ameixa (Ferreira do Alentejo), o Marcelo (Ourique), o Nelson (Aljustrel), o António (Almodôvar) e o Jorge (Mértola) representam bem a confiança das pessoas na boa gestão socialista nas autarquias.
Importa também reconhecer que os "combates" em Grândola, Alcácer do Sal, Santiago do Cacem, Cuba, Vidigueira, Alvito e Serpa foram intensos, tiveram melhores resultados em quase todos, e tiveram nos candidatos do PS a expressão do querer e também no aceitar dos processos democráticos. Permitam-me que saúde o Pedro do Carmo e a Renata Verissímo pelo extraordinário desempenho do PS no Baixo Alentejo porque estiveram presentes, porque acreditaram e porque são os dirigentes máximos regionais do PS.
A nível nacional o PS ganhou e o PSD perdeu! A melhor explicação para a derrota do PSD deu-a Ângelo Correia (Sim! o "barão" do PSD que "formou" o atual líder do PSD) no programa "360" pelas 22h23 de segunda-feira, na RTP3. Nem dá para descrever o que foi dito mas pronto foi qualquer coisas próximo de que não faz sentido continuar/insistir num discurso sobre a vinda de um Diabo que afinal não vem!
O programa acabou com aquela canção do Tom Petty, porque foi falsamente noticiada a sua morte, que fala de alguém que quer aprender a voar mas não tem asas. Realmente não existem coincidências nas coisas ou não existem limites para juntar coisas!?!?!
Vá digam lá, se reflectirem profundamente sobre isto, até acham que o texto tem alguma coisa de interessante!
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