11h29 - quinta, 29/06/2023
É preciso agir com muita urgência
Carlos Pinto
O Governo andou, na passada semana, pelo distrito de Évora, aproveitando a ocasião para aprovar o novo Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo, que conta "cerca de 70 medidas" para reforçar a resiliência do território às alterações climáticas, num investimento total de "quase 1.000 milhões de euros".
Entre as medidas anunciadas pelo executivo socialista, destacam-se, no que ao Alentejo Litoral diz respeito, a concretização de dois projetos "de grande dimensão" para a barragem de Santa Clara, no concelho de Odemira, um visando a diminuição de perdas na área da agricultura, num investimento de 30 milhões de euros, e outro direcionado para o abastecimento público, no valor de 36 milhões de euros.
O plano prevê ainda a possibilidade de serem instaladas duas dessalinizadoras no Alentejo Litoral, uma na zona do rio Mira para servir a agricultura intensiva e outra em Sines, para dar resposta aos novos projetos industriais anunciados para o concelho [ver textos nas páginas ao lado].
Segundo explicou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, com este Plano de Eficiência Hídrica o Governo estima "reduzir os consumos de água no setor urbano e turístico em cerca de 10%, correspondente a cerca de 17 hectómetros cúbicos, e, nos aproveitamentos hidroagrícolas coletivos, na casa dos 12%, cerca de 29 hectómetros cúbicos".
Tudo isto são, obviamente, boas notícias para o Alentejo num tempo de emergência climática e hídrica, em que temos de agir com muita consciência e urgência para evitar que a desertificação da região seja cada vez mais uma evidência.
Haver um plano com prazos definidos e meios financeiros alocados para seja possível implementar estas medidas no terreno já é bastante positivo. Mas agora é preciso muito mais que isso: é necessário que as medidas saiam do plano teórico e sejam efetivadas no terreno, para que se consiga, finalmente, dar passos concretos no combate à seca e às alterações climáticas.
Caso contrário, iremos continuar anos e anos a falar sobre a falta de chuva e a necessidade de poupar água. Até que chegará o dia em que as torneiras estarão secas. E aí será tarde demais
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