Das ruas à foz do Mira, qual é a história de Vila Nova de Milfontes? É a esta questão (e a muitas outras perguntas) que o professor e investigador António Martins Quaresma pretende dar resposta com a reedição de Vila Nova de Milfontes-História.
O livro foi inicialmente lançado em 2003 e uma nova edição, promovida pela Câmara de Odemira, foi apresentada neste sábado, 13 de Abril, numa iniciativa integrada nas comemorações do "Abril em Odemira".
Em declarações ao "SW", onde tem uma crónica de opinião mensal, António Martins Quaresma explica que Vila Nova de Milfontes-História é, acima de tudo, "um livro de história local", destinado "a disponibilizar conhecimento histórico sobre a vila da foz do rio Mira" e "tendo como principal destinatário o leitor comum".
"Trata-se da reedição, actualizada e aumentada, de uma obra publicada em 2003 e há muito tempo esgotada. A narrativa histórica corre entre os séculos XV e XVI, a partir da fundação da moderna vila de Milfontes (1486), embora tenha um capítulo prévio sobre a ocupação humana anterior do espaço em estudo", revela o autor.
A escrita desta obra exigiu a António Martins Quaresma um profundo trabalho de investigação histórica, recorrendo a documentos disponíveis no Arquivo Nacional da Torre do Tombo e no Archivo General de Simancas (em Valladollid, Espanha), assim como a cartografia histórica, fotografias e algumas fontes orais. O resultado final é um livro que permite aos habitantes de Vila Nova de Milfontes (ou a quem o lê) um maior conhecimento daquela que é conhecida como a "princesa do Alentejo".
"Como disse o escritor moçambicano Mia Couto, embora não se referindo à historiografia, 'só te conheço quando sei a tua história'. Também o conhecimento de uma parcela de território, no caso Vila Nova de Milfontes, é incompleto se se ignorar a sua história", observa António Martins Quaresma, para logo acrescentar: "O conhecimento da história é o alicerce da identidade e da cidadania, factores fundamentais para uma cultura cívica no seio de uma sociedade".
"Mas a história em perspectiva próxima tem outras potencialidades: enquanto recurso didáctico no ensino; como forma de melhor conhecer e divulgar o património; como base de uma oferta turística com componente cultural; enfim, como usufruto de uma narrativa que sendo 'científica' também pode ser 'literária'", reforça o autor.
António Martins Quaresma é um conhecedor profundo da história da freguesia, do concelho e da região. Ainda assim, escrever Vila Nova de Milfontes-História foi igualmente "aliciente" para si, sobretudo pelo lado "afectivo" do trabalho realizado.
"A descoberta da história é sempre aliciante para quem a faz. E uma história que tem como objecto um determinado espaço, em que a escala é aumentada, ainda mais sendo um espaço com que o autor se relaciona afectivamente, tem aliciantes redobrados. No fundo, encontra-se, a cada momento, uma população que trabalha, que sofre, que se diverte, que conflitua, que se organiza, enfim, que vive o dia-a-dia", remata.