A vigilância das praias no concelho de Odemira durante a época balnear deste ano pode estar em risco, devido à falta de nadadores-salvadores, agravada pela pandemia de Covid-19 que está a afectar o país. O alerta parte da Guardião-Associação de Nadadores Salvadores do Concelho de Odemira e já chegou ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, entre outros responsáveis.
Segundo adianta ao "SW" o presidente da Guardião, na próxima época balnear "irão existir grandes dificuldades em vários sectores, sendo o principal na disponibilidade de nadadores-salvadores para exercer a profissão", até porque, de acordo com um estudo da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores, "apenas 49,2% dos nadadores-salvadores sazonais voltam a trabalhar na época balnear seguinte".
Nesse sentido, diz Licínio de Matos, "é fundamental todos os anos formar cerca de 2.000 novos nadadores-salvadores para se conseguir dar resposta às necessidades", o que em 2020 não tem sido possível devido às restrições impostas pelas medidas de contenção da Covid-19.
"Estando todos os cursos de formação de nadadores-salvadores suspensos, com pouca probabilidade de se conseguirem realizar em igual quantidade a 2019, até ao início da época balnear 2020, estamos trabalhar no sentido de recrutar o máximo de nadadores-salvadores, sabendo que existe estas dificuldades", diz o presidente da Guardião, que se mostra também "imensamente preocupado" com a formação e treino que serão exigidos aos nadadores-salvadores.
Licínio Matos argumenta mesmo que "com as medidas de segurança Covid-19, nenhum nadador-salvador actualmente está devidamente formado e treinado para prestar socorro a uma vítima em paragem cardio-respiratória", ainda que os procedimentos a ter numa reanimação tenham sido adaptados, seguindo as recomendação da Direcção Geral da Saúde. "Mas uma reanimação para qualquer jovem é sempre um momento de elevado stress e é normal que possa esquecer um ou dois procedimentos. Com esta pandemia, uma falha de um dos procedimentos faz com que os nadadores-salvadores corram o risco de ser contaminados", observa.
Além do mais, continua Licínio Matos, os nadadores-salvadores são "profissionais de socorro" e, por isso mesmo, "vão precisar de equipamentos de protecção individual (EPI)", pois "sem os mesmos os riscos de contaminação são enormes".
"Se os médicos, enfermeiros, bombeiros, polícias e outros profissionais ficaram contaminados numa fase inicial por falta de EPIs, ainda vamos a tempo de prevenir que os nadadores-salvadores possam ficar contaminados", argumenta o presidente da Guardião.
Licínio Matos teme ainda dificuldades associadas ao facto de muitos dos nadadores-salvadores serem estudantes, "na maioria universitários", que terão exames mais tarde este ano. "Isso levará ainda a maiores dificuldades de contratação, sendo ainda que os próprios nadadores-salvadores e a sua família terão, na sua grande maioria, receio de trabalhar e estar em contacto com pessoas pelo risco de contaminação", conclui.