08h00 - sexta, 16/10/2020

"Bombeiros de Odemira têm hoje quadro funcional mais favorável"

"Bombeiros de Odemira têm hoje quadro funcional mais favorável"

Reeleito no final de Setembro para novo mandato como presidente dos Bombeiros de Odemira, António Camilo revela em entrevista ao "SW" (no dia seguinte ao 85º aniversário da instituição) as prioridades que tem definidas e as dificuldades com que a corporação continua a viver no dia-a-dia. "No fundo, [queremos] continuar a trabalhar para reequilibrar a associação, para ela ganhar uma base tão sólida quanto possível", anuncia Camilo.

Foi reeleito presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Odemira (AHBVO) para o triénio 2020-2022. Qual o grande objectivo para este mandato?
No fundo, continuar a trabalhar para reequilibrar a associação, para ela ganhar uma base tão sólida quanto possível. Para que, quando nos formos embora, quem entrar depois de nós não encontre aquilo que nós encontramos: desequilíbrio em termos organizacionais, financeiros e de alguma falta de confiança interna por parte das pessoas na instituição e até de fornecedores! Mas agora as coisas, sem estarem totalmente estabilizadas, estão melhores e o reequilíbrio é mesmo o grande objectivo que temos.

A realidade financeira da AHBVO é hoje muito distinta daquela que encontrou quando tomou posse pela primeira vez, em 2016?
É bastante diferente! Existe algum buraco financeiro, mas temos a dívida toda paga. Só não está paga aquela que tinha sido contratualizada com a Segurança Social e com duas empresas do ramo automóvel de Beja. Havia também um empréstimo à Caixa Agrícola que também está pago. Digamos que hoje há um quadro melhor e que, até do ponto de vista do crédito, é muito mais favorável à associação.

Consegue precisar o valor actual da dívida da AHBVO?
Neste momento, a dívida efectiva que existe diz respeito aos pagamentos que temos de fazer a 30/45 dias, o que é normal em facturação. Além desses, há os pagamentos mensais à Segurança Social e a duas empresas de Beja, que representam cerca de 3.000 euros por mês, sendo que algumas vezes temos de recorrer a uma conta caucionada contratualizada – já que a receita da operação, por vezes tem um atraso de meses, mas as despesas acontecem. Supostamente [essa conta] deveria financiar a tesouraria, mas efectivamente acaba por financiar a operação.

Em termos operacionais, as receitas anuais da associação cobrem aquelas que são as suas despesas?
No princípio de cada ano, e em termos médios, os números da receita sobre a despesa dizem-nos nunca temos menos de 120 mil euros de défice. Ou seja, começando sempre com esse "buraco", temos de reequilibrar ou pela via dos apoios externos/subsídios ou pela via do crédito, isto até termos o tal equilíbrio restabelecido.

Que implicações teve a pandemia nas contas da AHBVO?
Complicou enormemente! Praticamente o transporte de doentes [não urgentes] desapareceu e hoje não me custa admitir que, nos primeiros seis meses de 2020, se calhar temos menos 70 ou 80 mil euros [de receita] referentes ao transporte desses doentes.

O que, presumo, complica a gestão?
Claro! E é aqui que entra a conta caucionada, para poder continuar a sustentar a operação em termos qualitativos e de resposta competente e imediata, já que até hoje – e que o presidente da Direcção tenha conhecimento –, em termos operacionais, nunca tivemos um dia em que não fizéssemos um serviço por não termos equipamento, material ou até gasóleo… No nosso mandato e por essa razão isso nunca sucedeu, acontecendo falharmos serviços, mas por avarias de viaturas, distância às unidades hospitalares e ou dentro do concelho, que levam à impossibilidade de ter tantos carros e bombeiros em serviço, quantos os necessário a cada momento. Isso não existe em lado nenhum!

Tem noção dos custos acrescidos que já tiveram devido à pandemia?
São contas que já estão feitas pela nossa contabilidade, mas que não consigo precisar com exactidão neste momento. Mas posso dizer que os custos [com equipamentos de protecção individual] devem ter triplicado devido à Covid-19, com algum grau de certeza.

Neste plano financeiro um dos vossos problemas foi sempre a questão dos recebimentos pelos serviços prestados…
Isso melhorou em termos de prazos, embora em alguns casos estes continuem excessivamente longos, sendo os pagamentos efectuados por vezes alguns meses após a prestação dos serviços!

Tanto no que diz respeito à Saúde, como ao Ministério da Justiça e outros?
Isso melhorou igualmente, mas ainda fechámos 2019, dizem as nossas contas, com cerca de 195 mil euros por receber relativos a serviços prestados. Cerca de 90% deste valor tem que ver com a área da Saúde, e o restante são instituições de solidariedade social e outras entidades e pessoas. Ora se estes 195 mil euros tivessem sido recebidos, fariam toda a diferença. Agora se me perguntar se, quando esta Direcção entrou, havia hospitais sem pagar há mais um ano, isso havia e por isso fizemos muito trabalho de campo, escrevemos muitas cartas, falámos muitas horas ao telefone e a verdade é que tivemos uma resposta positiva por parte de alguns dos hospitais e isso ajudou a recuperar receita atrasada. Já outros...

Quais?
Algumas unidades hospitalares de Lisboa e Setúbal, por exemplo, que têm por vezes em dívida cinco, seis, sete meses, ou ainda o consórcio estabelecido por diversos corpos de bombeiros da região com o Hospital do Espírito Santo em Évora, gerido pela Federação de Bombeiros daquele distrito.

O vosso parque de viaturas é extenso e muito usado. Em que medida é isso é um problema para a vossa resposta?
É justo reconhecer que com o apoio da Câmara e do Crédito Agrícola de São Teotónio já comprámos duas ou três viaturas novas. Mas mesmo assim a nossa frota continua a ter uma média de 12 a 14 anos de idade, no caso das viaturas de transporte de doentes, e no caso dos carros de combate a incêndios essa média é de acima de 20 anos. O que quer dizer que temos sempre carros com problemas e com muitas avarias. O ano passado foram quase 50 mil euros que gastámos só em reparações. É o que temos… Mas já agora, e porque sentimos isso na pele, no âmbito da frota de combate a incêndios o Ministério da Administração Interna e a Autoridade Nacional da Protecção Civil deviam lembrar-se que Odemira existe e que tem uma mancha florestal de mais de 100 mil hectares – que é a maior do país num único concelho – e entregar aqui dois ou três carros de combate como entregam por vezes a outras corporações e noutras zonas do país. Ou então – o que era uma aspirações dos bombeiros da região – que na reprogramação do actual quadro comunitário de apoio [Portugal 2020] tivesse sido aberta uma linha de apoio às associações humanitárias de bombeiros voluntários que lhes permitisse a renovação de instalações e da frota, porque seguramente os bombeiros aproveitavam e era dinheiro que era gasto numa causa justa e que ficava a servir todos, que além de constituir um retorno importante para todos, reforçaria a ajuda à população em termos de assistência de emergência e de socorro.


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