07h00 - quinta, 04/08/2022

"Odemira é uma referência
para a raça Limousine"

"Odemira é uma referência para a raça Limousine"

Em entrevista ao "SW, presidente da Associação Portuguesa de Criadores de Bovinos da Raça Limousine, Joaquim Carvalho, faz retrato do setor e reconhece que FACECO-Feira das Atividades Culturais e Económicas de Odemira é sempre um momento importante para a raça. A FACECO "é uma oportunidade muito boa para quem expõe os seus animais, demonstrando que genéticas tem dentro das suas explorações" e "quem ganha prémios nesta feira tem sempre uma hipótese de ter mais reconhecimento no seio dos criadores e mais-valias económicas", afiança este responsável.

A FACECO voltou a acolher o Concurso Nacional da Raça Limousine. Que importância acaba por ter a feira para o setor e para a Associação Portuguesa de Criadores de Bovinos da Raça Limousine (ACL)?
É muito importante. Estamos sediados em Odemira e fazemos esta feira sempre alinhada com o nosso concurso nacional, abrangendo todas as idades da raça. É uma organização em conjunto com a Câmara de Odemira que já tem muita tradição no seio dos nossos produtores, que neste momento são 297. Somos a associação das raças de carne não autóctones com maior dimensão no país e claro que [a FACECO] é uma oportunidade muito boa para quem expõe os seus animais, demonstrando que genéticas tem dentro das suas explorações. E quem ganha prémios nesta feira tem sempre uma hipótese de ter mais reconhecimento no seio dos criadores e mais-valias económicas.

A ACL conta com 297 produtores associados atualmente. Este número tem estado estabilizado, a aumentar, a diminuir…
Tem sido sempre crescente. Mas temos a consciência que, se calhar, no futuro, a tendência será de estabilizar. Mas o nosso objetivo é sempre crescer mais, não só em número de criadores mas também em número de animais.

O efetivo também tem aumentado?
Sim, também tem aumentado. Neste momento, em termos de linha pura a serem controladas pela ACL, temos cerca de 8.000 vacas. Em termos de touros a fazer cruzamento em vacadas cruzadas ou autóctones, temos cerca de 5.000 touros puros. E em termos de animais puros espalhados pelo país, quer seja em controlo ou não, temos cerca de 25 mil vacas.

Quais os principais mercados da carne da raça Limousine?
Há muita exportação, tanto em animais jovens como em animais acabados. Mas os animais já acabados são tendencialmente para o mercado nacional, tanto para grandes superfícies como para mercados locais, em talhos e outros nichos de mercado. É uma raça que consegue abranger os dois tipos de clientes.

Quais os principais mercados de exportação?
O mercado espanhol compra muito. E depois há o Médio Oriente, essencialmente Israel, que tem uma exportação muito grande, essencialmente de novilhos.

Odemira continua a ser o "solar" da raça Limousine?
Odemira tem uma história muito grande com a raça Limousine e neste momento é onde a ACL tem a sua sede, ou seja, acaba por ser uma referência para a raça. Mas a ACL está espalhada pelo país inteiro, inclusive nas nove ilhas dos Açores, dando apoio a todos os produtores. Mas a nossa sede é em Odemira e o apoio que o município tem dado todos os anos tem sido para manter a associação em Odemira e cá estaremos. Ainda no ano passado inaugurámos a nossa nova sede, em parceria com o município, com divisão de verbas, o que foi uma atitude exemplar.

A certificação da carne Limousine tem sido um aposta da ACL. Porquê?
A certificação da carne é um ponto importante e já temos algumas unidades que estão a iniciar os processos de certificação, tanto em grandes superfícies como em pequenas unidades locais. Isso é um processo de valorização para o consumidor, que cada vez mais necessita de ter garantia que a carne que lhe chega ao prato tem qualidade em termos organoléticos, mas também em termos do bem-estar animal.

Em que medida tem a seca afetado o setor?
Tem afetado o setor da raça Limousine e toda a bovinicultura, pois o custo alimentar disparou. O preço da carne subiu alguma coisa, os valores pagos pelos leilões também subiram, mas é insuficiente para o que se tem gasto. Não só o custo da alimentação em si, mas também inflacionado pelo custo dos combustíveis. Os cereais aumentaram e a indústria dos alimentos concentrados aumentou automaticamente, as forragens dispararam, portanto os custos são cada vez maiores. Por isso é que temos de ser cada vez mais eficientes! E quando há crise, a raça Limousine destaca-se mais, porque é uma raça que as pessoas sabem que é mais eficiente. Mas é preciso muito cuidado nas contas, há alguns agricultores já com idade bastante avançada e podem não ter alguém na família para seguir [o negócio]. Aí coloca-se em risco o abandono do território… Portanto, é preciso incentivar gente jovem a pegar na agricultura e na bovinicultura.

E na questão do abeberamento? Também há problemas?
Na zona interior [do país] toda existem problemas de falta de água, não só em quantidade mas também em qualidade. Posso ter água disponível em pequenas charcas ou pequenas barragens, mas isso é um problema para s agricultores quando se vêm obrigados a recorrer às charcas. Porque o animal vai beber água de má qualidade, que não está tratada, com mais parasitas… Aí diminui a eficiência alimentar do animal! É preciso incentivar mais a produção e arranjar estratégias de tratamento da água existente, para poder tratá-la e fornece-la em bebedouros com qualidade, para os animais poderem ter saúde e produzirem cada vez melhor.


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