O Governo levantou, através de despacho publicado esta semana, algumas restrições à agricultura devido ao aumento da cota da barragem de Santa Clara, no concelho de Odemira, tendo em vista a campanha de rega de 2025 e anos seguintes.
Tal como o "SW" lhe dá conta nesta edição, as alterações implementadas neste novo despacho, assinado pelo ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, permite "uma gestão flexível na exploração agrícola".
Segundo o Governo, é permitida a instalação adicional de culturas anuais alimentares até cinco hectares face a 2024 e a instalação adicional de culturas permanentes alimentares e pastagens e forragens, numa percentagem que não pode ultrapassar 5% e limitada a cinco hectares adicionais por beneficiário.
Estas alterações introduzidas pelo Governo no acesso à água de Santa Clara até podem ser naturais depois da precipitação registada na região ao longo das últimas semanas, em que o volume de água armazenada nesta barragem aumentou substancialmente, passando da cota 110,3 (abaixo do nível de tomada de água) a 1 de março para a cota 117,79 a 15 de abril (dia do fecho desta edição do "SW").
Ainda assim, o momento não é de "baixar a guarda" ou olhar sem preocupações de maior para o volume de água existente na barragem que serve a região. É certo que o cenário não é de risco como o era há cerca de um ano, mas também é verdade que a seca na região ainda não terminou e podem estar para chegar meses a fio sem pingo de chuva.
Por isso, o que se exige neste momento é racionalidade e ponderação a todos: governantes, gestores do perímetro de rega, agricultores e comunidade em geral. Que seja possível gastar um pouco mais de água, se necessária às culturas, mas sem excessos e desvarios. E que continuemos todos firmes no compromisso de não desaproveitar (e desperdiçar) um bem essencial e que, apesar de não o parecer ser agora, pode vir a rarear na no região.