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12h41 - quinta, 09/11/2023
Futuro sem dramatismos!
Carlos Pinto
Esta semana foi única, a todos os níveis, para a política em Portugal. Pela primeira vez, um primeiro-ministro em funções apresentou a sua demissão por estar em vias de começar a ser investigado pelo Ministério Público. Porque é precisamente isso que dá a entender aquele singelo parágrafo final da nota à imprensa emitida, na terça-feira, pela Procuradoria Geral da República: que António Costa ainda irá ser investigado, de forma autónoma pelo Supremo Tribunal de Justiça, por no decurso das investigações sobre os projetos do hidrogénio verde e do lítio ter surgido "o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos [ ]".
Esta é, desde logo, uma questão pertinente: é esta a forma mais adequada da Justiça funcionar? Será que anunciar a possível abertura de um inquérito judicial ao líder do Governo em funções através de uma "nota de rodapé" num mero comunicado à imprensa é legítimo? Talvez o seja, mas não é de todo o mais adequado
Ainda assim, o primeiro-ministro tomou, a nosso ver, a decisão mais acertada: pediu a demissão do cargo (prontamente aceite pelo Presidente da República), para evitar que mais nuvens de fumo se avolumassem em torno de si e de um processo que fará ainda correr muita tinta.
O futuro está agora nas mãos de Marcelo Rebelo de Sousa, cuja decisão final (dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas ou convidar o PS a formar novo Governo) era, à hora do fecho desta edição do "SW", desconhecida. Mas seja qual for a opção tomada em Belém, devemos aceitá-la com normalidade e encarar o futuro sem dramatismos.
Afinal de contas, não será a primeira vez que um governo "cai" em Portugal e, numa altura em que estamos quase a celebrar 50 anos sobre a Revolução dos Cravos, devemos aceitar estas "dinâmicas políticas e eleitorais" com a necessária maturidade proporcionada por meio século de vida em Democracia. E, sobretudo, devemos evitar cair em "cantos de sereia", como são os discursos populistas de algumas forças extremistas, que isso sim são ameaçadores para a sociedade que hoje temos.