A Associação Arbutus, com sede em Odemira, acaba de lançar a Academia Medronho SW, que visa ensinar a profissionais das áreas da restauração, hotelaria e bar, entre outras, a preparar cocktails com aguardente de medronho. O projecto, apresentado publicamente no passado mês de Novembro, resulta de uma parceria da associação com a Cocktail Academy, de Paulo Ramos, e tem como grande meta valorizar a fileira deste produto endógeno das zonas interiores do concelho.
"O objectivo desta academia é educar os agentes económicos locais - restaurantes, hotéis, bares - sobre as potencialidades do medronho e aquilo que se pode fazer com a aguardente de medronho", explica ao "SW" o presidente da Arbutus.
Segundo Afonso Pereira, também ele produtor, o medronho serve para muito mais que para fazer apenas aguardente, seja como "fruto fresco, embalado ou em compotas". "Tudo isso são produtos que podem ser introduzidos na gastronomia ou na coquetelaria e é isso que queremos mostrar a essas pessoas e ao público em geral" com a academia, explica.
Nesse sentido, o projecto da Academia Medronho SW passará pela dinamização de formações, "algumas mais específicas para os profissionais de bar e restauração, e outras para curiosos que queiram aprender um pouco mais sobre técnicas de bar e como trabalhar o medronho", garante Afonso Pereira.
O presidente da Arbutus adianta que a associação está, neste momento, "a procurar alguns apoios" e "patrocínios" para a Academia, contando igualmente "com os apoios dos produtores de aguardente de medronho da região". "Queremos que o projecto seja auto-sustentável", afiança.
Na opinião de Afonso Pereira, "a aguardente [de medronho] tem ainda um grande potencial por explorar".
"Há muitos produtores que andam à procura de alternativa à aguardente, mas a verdade é que se compararmos o que se consome em Portugal de gin, vodka ou outras bebidas brancas, não tem nada a ver com o consumo de medronho. O consumo de medronho fica muito aquém disso muito aquém mesmo do que é o consumo de gin em Portugal e, por isso, acreditamos que a aguardente de medronho, quando bem tratada, tem uma qualidade muito interessante não fica atrás de nenhuma dessas outras bebidas destiladas", justifica.
Além do mais, continua o presidente da Arbutus, trata-se de "uma planta endógena da região, com alto valor ambiental e patrimonial, que deve ser defendida e valorizada por isso mesmo".
É nesse âmbito que Afonso Pereira acredita "dentro de cinco ou 10 anos" haverá "muitas novidades" nesta fileira. "Vamos começar a ver mais fruto em fresco e outros derivados que não apenas a aguardente. Inclusive, já estamos a ver algumas coisas a surgirem, como bombons ou pão, fruta desidratada ou congelada. Acreditamos que dentro de cinco a 10 anos isto vai-se tornar cada vez mais comum", conclui.