07h00 - sexta-feira, 10/10/2025
“Bombeiros de Odemira têm situação financeira equilibrada”

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Odemira celebra, a 15 de outu-bro, o seu 90º aniversário e em entrevista ao “SW” o seu presidente, António Camilo, faz um balanço do trabalho desenvolvido no seio da instituição ao longo dos últimos nove anos. “A associação tem hoje uma boa situação de equilíbrio e até financeira, ambas sus-tentadas”, afiança.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Odemira (AHBVO) celebra 90 anos a 15 de outubro. O que representa esta data?
Representa, sobretudo, uma instituição que tem pergaminhos nesta sua já longa existên-cia. Passaram por aqui muitas pessoas a quem a casa deve muito, muitas instituições com quem cooperamos também – à cabeça o Município, como não podia deixar de ser. E re-presenta, sobretudo, o esforço de muita gente para chegarmos onde chegamos.
Sente que a associação é hoje encarada como um pilar da comunidade?
Odemira, em regra, trata bem os seus bombeiros, tem consideração por eles. Mas penso que, apesar de tudo, essa relação ainda não está no nível que poderia estar.
A AHBVO vive atualmente um momento de estabilidade?
Vive, sem dúvida! Quando entrámos para a direção foi feito um plano, que era inicial-mente a três anos – depois tivemos de ampliar mais dois –, no sentido de equilibrar as contas e assim aconteceu. Recuperámos, aumentámos a frota e os recursos humanos, ampliando a oferta de serviços e com isso a nossa receita aumentou. Por outro lado, re-vimos o protocolo que tínhamos com a Câmara Municipal, que desde 2008 não era revis-to, o que nos permitiu, na prática, duplicar as receitas certas que vinham do município. A par disso, apostámos na cooperação com empresas locais, através de muita formação dada pelos nossos operacionais, muito em especial pelo comandante Luís Oliveira, que é formador da ENB [Escola Nacional de Bombeiros], em especial nas empresas da área hortofrutícola. Aderimos, ainda, a uma entidade que apoia instituições em muitos países, estas sem fins lucrativos e com um papel relevante em termos apoio à comunidade, des-de que se inscrevam na sua esfera de beneficência, a que, por exemplo, a Driscoll’s per-tence, de onde vieram, no ano passado, à volta de 18 a 20 mil euros. Ou seja, também diversificámos as fontes de receita! Isto para dizer que em 2020 e 2021 já tivemos resul-tados positivos de cerca de 13 mil euros e com a dívida anterior quase toda paga. E em 2022 já tínhamos pagas as duas “hipotecas” ao edifício sede/quartel por falta de paga-mento da TSU, e tínhamos na frota várias viaturas novas: ou por doação do Crédito Agrícola Mútuo de São Teotónio, ou pelo município de Odemira ou, ainda, por investi-mento direto nosso na totalidade. Por outro lado, há muito que as pessoas que aqui tra-balham tem em regra o vencimento e ajudas de custo nas suas contas, em regra, até ao dia 23 de cada mês, sem atrasos, e que aos fornecedores estamos a pagar, normalmente a 30 dias.
Portanto, o quadro financeiro da AHBVO é completamente diferente daquele que encontrou há nove anos?
Completamente diferente! Sabemos que as associações de bombeiros nunca têm dinhei-ro, porque estão sempre a fazer despesa necessária, e que os resultados positivos, quando existem, são quase sempre fruto de uma gestão realista, responsável e de controlo efeti-vo, resultando isso em equilíbrio de contas. Posso até dizer-lhe que em 2022 e 2023 já tivemos resultados positivos acima de 100 mil euros, e em 2024 acima de 200 mil euros, sempre com as contas em dia!
Seguramente que isso permite à associação entrar em cada ano com outras perspetivas, até em matéria de investimento.
Dou-lhe vários exemplos! Remodelámos completamente o quartel no piso térreo, pintá-mos todo o edifício, substituímos os portões todos, e a cobertura – esta com a ajuda do município, mas também com fundos próprios – e investimos muito na frota e nos equi-pamentos. Também entrámos na “era digital”, com vários investimentos ainda em curso. Neste momento, todos os monitores e computadores foram mudados, temos servidores novos e estamos já a certificar a sala de comunicações, onde vamos passar a ter dois pos-tos de trabalho, em sistema digital completo. Enfim, estamos a concluir um trabalho sé-rio de investimento e, nos últimos dois/três anos, talvez tenhamos investido montantes entre 600 e 700 mil euros.
Houve algum “segredo” para esta transformação nos Bombeiros Voluntários de Odemira?
Não houve nem há varinhas mágicas, apenas responsabilidade e capacidade de ganhar as pessoas e entidades para causas. E o “segredo maior” está dentro desta casa, ou seja, em conseguir mobilizar as pessoas para ações concretas, em que todos têm de ser parte.
Do ponto de vista do efetivo, os Bombeiros de Odemira estão bem apetrechados ou há necessidades?
Neste momento, o quadro é de facto “quase bom". Reativámos a escola de infantes e cadetes, que já produziu 13 ou 14 bombeiros e bombeiras, o que é muito importante para renovação. Quando aqui chegámos havia 28 bombeiros contratados e pouco voluntaria-do, mas neste momento o quadro ativo já tem 77 bombeiros, dos quais mais de 40 são contratados e a que se juntam mais quatro funcionários civis. Um dos “sonhos" do co-mandante Luís Oliveira era que a soma dos bombeiros do quadro ativo e da escola de infantes e cadetes ultrapassasse os 100 elementos. E, efetivamente, essa soma já ultra-passa os 100 elementos! Mas tudo isto tem de ser muito contido e controlado, as contas tem de ser muito bem feitas, já que para além das despesas de funcionamento e de inves-timento, em cada mês a associação tem de ter sempre em “carteira” dois meses de ven-cimentos, para que quando falhem os pagamentos dos clientes, nunca falhem nesse mês e se for o caso, no mês seguinte, os vencimentos no bolso dos bombeiros. Já agora – e por isso mesmo –, era bom que o setor da Saúde, em alguns casos, nos pagasse mais atempadamente. Eu sei que algumas unidades têm orçamentos muito curtos e completa-mente desajustados à sua realidade, tendo em conta o seu excelente desempenho aos grandes desafios que se lhes põem, mas o certo é que para pagarem aos seus recursos humanos, fornecedores, prestadores, entre outros, têm de cortar nalgum lado. O nosso mal é que em regra os cortes acontecem quase sempre do mesmo lado…
Ou seja, dos pagamentos devidos à AHBVO, os serviços relacionados com a Saúde são os mais atrasados?
Não tenho ainda o apuro final, mas a 30 de setembro – e a manterem-se as médias ante-riores – a dívida do setor da Saúde andará entre algures entre os 300 a 320 mil euros aos Bombeiros de Odemira. Isto numa casa que precisa, por mês, de 95 a 120 mil euros para funcionar é surreal. Mas até hoje funcionamos!
No que toca a infraestruturas, nomeadamente o quartel, existem novos investi-mentos no horizonte?
Queremos criar um novo corpo do edifício a partir da casa do antigo comandante, que integraremos, e fazer um “U” até ao alinhamento da torre, na periferia do que é agora o atual parque de estacionamento. Assim toda a frota de viaturas médias/pesadas ficava na zona onde são as atuais oficinas e novo edifício, integrando ainda este as oficinas. E em cima, num eventual primeiro andar a edificar depois, ficávamos com a possibilidade de vir a ter uma central de despacho, que integraria todas as entidades, serviços e respostas, no âmbito da Proteção Civil, e a assistência, emergência e transporte de doentes.
Como vão pagar esse investimento?
Tudo isto fazia era parte de uma candidatura a apresentar ao PRR [Plano de Recupera-ção e Resiliência], em parceria com o Município de Odemira e os colegas de Vila Nova de Milfontes, mas quem fez a programação nacional nesta área, e por aí ao Alentejo, mais uma vez, deixou na prática os bombeiros de fora. A questão que se coloca, quer de início do programa quer nas suas reprogramações, é que como é possível num montante de mais 22 mil milhões de euros, que estamos no risco de não conseguir executar, não é devidamente considerada uma área que é essencial para o país, a Proteção Civil e em especial as associações humanitárias e os seus corpos de bombeiros, já que em termos de Orçamento de Estado, continuamos a ser um filhos “bastardos” e subfinanciados. Se não fosse tão triste, seria para rir...
Ou seja, será difícil concretizar esta ambição…
Sim, este projeto conjunto na sua parte de investimento sério – e muito necessário –, está parado por falta de dotação. Quero dizer, que para nós não está completamente para-do, porque algum destes investimentos nós já o fizemos com capitais próprios ou finan-ciamento externo.
Ao nível do parque de viaturas, já aludiu à renovação que feita ao longo destes anos. Mas ainda há necessidades por suprir?
Achamos que não precisamos de muito mais viaturas, em número, relativamente àquilo que temos. A estratégia que temos seguido é a de substituir viaturas antigas por viaturas novas. Mas ainda que a ideia seja continuar a renovar, se nos for possível, não excluímos aumentar a frota com novas viaturas, porque isso também significa menos custos com a oficina.
O seu mandato termina no final do ano e em entrevista ao “SW”, em 2022, anunciou que não seria recandidato em 2025. Mantém essa posição?
Eu gostava muito que viessem outras pessoas. Não gosto de ficar muito tempo nos sítios, já que uma missão deve ter princípio meio e fim, pois como sabe, sempre achei que em certas funções de direção temos prazos de “validade”. Mas não sei ainda o que é que vai acontecer. A regra sobejamente e infelizmente conhecida é que em todas as corporações de bombeiros quem entra, dificilmente consegue depois sair por ausência de cidadania voluntária em favor da sociedade. Mas eu querendo mesmo sair, reconheço que esta in-felicidade do acidente [de 1 de janeiro] nos veio “baralhar muito o jogo”...
Porquê?
Calcule que há aqui, no decurso desta ou de outras situações, conclusões ou mesmo questões de que a associação resolve, e por esta ou aquela razão intentar ações em tribu-nal. Quer eu esteja cá quer não, eu era o presidente da direção destes noves anos de mandato e vou ser, obviamente, chamado aos processos, em representação do órgão so-cial a que pertenci e ainda pertenço?!... Portanto, se acontecer, eu irei a tribunal, sem qualquer dúvida, tenha saído ou não. Mas se tiver saído, é claro que a minha disponibili-dade é total para apoiar quem vier de novo e levar mesmo um mês, dois, três, quatro ou cinco ou seis, a mostrar o que fizemos e como fizemos como eventual modelo a seguir, se assim o entender quem chegar. A associação tem hoje uma boa situação de equilíbrio e até financeira, ambas sustentadas, pelo não há nenhum motivo para alguém ter medo de vir para aqui. É aproveitar o que está feito – e está muito – e continuar, se for essa a opção, já que é legítimo, ainda assim, alguém querer mudar as coisas. É sobretudo neces-sário não fazer asneiras, nem entrar em euforias. Eu gostava mesmo muito que isso acon-tecesse, porque era um sinal de vitalidade e de que, afinal, a sociedade até se interessa pelos seus bombeiros. Se não acontecer, vamos ter, todos, que ponderar bem o passo seguinte. E depois de ponderarmos, eu próprio vou ter que ponderar a forma como me posiciono. Mas uma coisa eu sei: uma casa destas não pode ficar sem órgãos sociais. Não queria nada que isso acontecesse, porque num eventual vazio, todo trabalho feito, a tan-to custo e com bastante sacrifício de pessoas e entidades, teria sido inútil.
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Odemira (AHBVO) celebra 90 anos a 15 de outubro. O que representa esta data?
Representa, sobretudo, uma instituição que tem pergaminhos nesta sua já longa existên-cia. Passaram por aqui muitas pessoas a quem a casa deve muito, muitas instituições com quem cooperamos também – à cabeça o Município, como não podia deixar de ser. E re-presenta, sobretudo, o esforço de muita gente para chegarmos onde chegamos.
Sente que a associação é hoje encarada como um pilar da comunidade?
Odemira, em regra, trata bem os seus bombeiros, tem consideração por eles. Mas penso que, apesar de tudo, essa relação ainda não está no nível que poderia estar.
A AHBVO vive atualmente um momento de estabilidade?
Vive, sem dúvida! Quando entrámos para a direção foi feito um plano, que era inicial-mente a três anos – depois tivemos de ampliar mais dois –, no sentido de equilibrar as contas e assim aconteceu. Recuperámos, aumentámos a frota e os recursos humanos, ampliando a oferta de serviços e com isso a nossa receita aumentou. Por outro lado, re-vimos o protocolo que tínhamos com a Câmara Municipal, que desde 2008 não era revis-to, o que nos permitiu, na prática, duplicar as receitas certas que vinham do município. A par disso, apostámos na cooperação com empresas locais, através de muita formação dada pelos nossos operacionais, muito em especial pelo comandante Luís Oliveira, que é formador da ENB [Escola Nacional de Bombeiros], em especial nas empresas da área hortofrutícola. Aderimos, ainda, a uma entidade que apoia instituições em muitos países, estas sem fins lucrativos e com um papel relevante em termos apoio à comunidade, des-de que se inscrevam na sua esfera de beneficência, a que, por exemplo, a Driscoll’s per-tence, de onde vieram, no ano passado, à volta de 18 a 20 mil euros. Ou seja, também diversificámos as fontes de receita! Isto para dizer que em 2020 e 2021 já tivemos resul-tados positivos de cerca de 13 mil euros e com a dívida anterior quase toda paga. E em 2022 já tínhamos pagas as duas “hipotecas” ao edifício sede/quartel por falta de paga-mento da TSU, e tínhamos na frota várias viaturas novas: ou por doação do Crédito Agrícola Mútuo de São Teotónio, ou pelo município de Odemira ou, ainda, por investi-mento direto nosso na totalidade. Por outro lado, há muito que as pessoas que aqui tra-balham tem em regra o vencimento e ajudas de custo nas suas contas, em regra, até ao dia 23 de cada mês, sem atrasos, e que aos fornecedores estamos a pagar, normalmente a 30 dias.
Portanto, o quadro financeiro da AHBVO é completamente diferente daquele que encontrou há nove anos?
Completamente diferente! Sabemos que as associações de bombeiros nunca têm dinhei-ro, porque estão sempre a fazer despesa necessária, e que os resultados positivos, quando existem, são quase sempre fruto de uma gestão realista, responsável e de controlo efeti-vo, resultando isso em equilíbrio de contas. Posso até dizer-lhe que em 2022 e 2023 já tivemos resultados positivos acima de 100 mil euros, e em 2024 acima de 200 mil euros, sempre com as contas em dia!
Seguramente que isso permite à associação entrar em cada ano com outras perspetivas, até em matéria de investimento.
Dou-lhe vários exemplos! Remodelámos completamente o quartel no piso térreo, pintá-mos todo o edifício, substituímos os portões todos, e a cobertura – esta com a ajuda do município, mas também com fundos próprios – e investimos muito na frota e nos equi-pamentos. Também entrámos na “era digital”, com vários investimentos ainda em curso. Neste momento, todos os monitores e computadores foram mudados, temos servidores novos e estamos já a certificar a sala de comunicações, onde vamos passar a ter dois pos-tos de trabalho, em sistema digital completo. Enfim, estamos a concluir um trabalho sé-rio de investimento e, nos últimos dois/três anos, talvez tenhamos investido montantes entre 600 e 700 mil euros.
Houve algum “segredo” para esta transformação nos Bombeiros Voluntários de Odemira?
Não houve nem há varinhas mágicas, apenas responsabilidade e capacidade de ganhar as pessoas e entidades para causas. E o “segredo maior” está dentro desta casa, ou seja, em conseguir mobilizar as pessoas para ações concretas, em que todos têm de ser parte.
Do ponto de vista do efetivo, os Bombeiros de Odemira estão bem apetrechados ou há necessidades?
Neste momento, o quadro é de facto “quase bom". Reativámos a escola de infantes e cadetes, que já produziu 13 ou 14 bombeiros e bombeiras, o que é muito importante para renovação. Quando aqui chegámos havia 28 bombeiros contratados e pouco voluntaria-do, mas neste momento o quadro ativo já tem 77 bombeiros, dos quais mais de 40 são contratados e a que se juntam mais quatro funcionários civis. Um dos “sonhos" do co-mandante Luís Oliveira era que a soma dos bombeiros do quadro ativo e da escola de infantes e cadetes ultrapassasse os 100 elementos. E, efetivamente, essa soma já ultra-passa os 100 elementos! Mas tudo isto tem de ser muito contido e controlado, as contas tem de ser muito bem feitas, já que para além das despesas de funcionamento e de inves-timento, em cada mês a associação tem de ter sempre em “carteira” dois meses de ven-cimentos, para que quando falhem os pagamentos dos clientes, nunca falhem nesse mês e se for o caso, no mês seguinte, os vencimentos no bolso dos bombeiros. Já agora – e por isso mesmo –, era bom que o setor da Saúde, em alguns casos, nos pagasse mais atempadamente. Eu sei que algumas unidades têm orçamentos muito curtos e completa-mente desajustados à sua realidade, tendo em conta o seu excelente desempenho aos grandes desafios que se lhes põem, mas o certo é que para pagarem aos seus recursos humanos, fornecedores, prestadores, entre outros, têm de cortar nalgum lado. O nosso mal é que em regra os cortes acontecem quase sempre do mesmo lado…
Ou seja, dos pagamentos devidos à AHBVO, os serviços relacionados com a Saúde são os mais atrasados?
Não tenho ainda o apuro final, mas a 30 de setembro – e a manterem-se as médias ante-riores – a dívida do setor da Saúde andará entre algures entre os 300 a 320 mil euros aos Bombeiros de Odemira. Isto numa casa que precisa, por mês, de 95 a 120 mil euros para funcionar é surreal. Mas até hoje funcionamos!
No que toca a infraestruturas, nomeadamente o quartel, existem novos investi-mentos no horizonte?
Queremos criar um novo corpo do edifício a partir da casa do antigo comandante, que integraremos, e fazer um “U” até ao alinhamento da torre, na periferia do que é agora o atual parque de estacionamento. Assim toda a frota de viaturas médias/pesadas ficava na zona onde são as atuais oficinas e novo edifício, integrando ainda este as oficinas. E em cima, num eventual primeiro andar a edificar depois, ficávamos com a possibilidade de vir a ter uma central de despacho, que integraria todas as entidades, serviços e respostas, no âmbito da Proteção Civil, e a assistência, emergência e transporte de doentes.
Como vão pagar esse investimento?
Tudo isto fazia era parte de uma candidatura a apresentar ao PRR [Plano de Recupera-ção e Resiliência], em parceria com o Município de Odemira e os colegas de Vila Nova de Milfontes, mas quem fez a programação nacional nesta área, e por aí ao Alentejo, mais uma vez, deixou na prática os bombeiros de fora. A questão que se coloca, quer de início do programa quer nas suas reprogramações, é que como é possível num montante de mais 22 mil milhões de euros, que estamos no risco de não conseguir executar, não é devidamente considerada uma área que é essencial para o país, a Proteção Civil e em especial as associações humanitárias e os seus corpos de bombeiros, já que em termos de Orçamento de Estado, continuamos a ser um filhos “bastardos” e subfinanciados. Se não fosse tão triste, seria para rir...
Ou seja, será difícil concretizar esta ambição…
Sim, este projeto conjunto na sua parte de investimento sério – e muito necessário –, está parado por falta de dotação. Quero dizer, que para nós não está completamente para-do, porque algum destes investimentos nós já o fizemos com capitais próprios ou finan-ciamento externo.
Ao nível do parque de viaturas, já aludiu à renovação que feita ao longo destes anos. Mas ainda há necessidades por suprir?
Achamos que não precisamos de muito mais viaturas, em número, relativamente àquilo que temos. A estratégia que temos seguido é a de substituir viaturas antigas por viaturas novas. Mas ainda que a ideia seja continuar a renovar, se nos for possível, não excluímos aumentar a frota com novas viaturas, porque isso também significa menos custos com a oficina.
O seu mandato termina no final do ano e em entrevista ao “SW”, em 2022, anunciou que não seria recandidato em 2025. Mantém essa posição?
Eu gostava muito que viessem outras pessoas. Não gosto de ficar muito tempo nos sítios, já que uma missão deve ter princípio meio e fim, pois como sabe, sempre achei que em certas funções de direção temos prazos de “validade”. Mas não sei ainda o que é que vai acontecer. A regra sobejamente e infelizmente conhecida é que em todas as corporações de bombeiros quem entra, dificilmente consegue depois sair por ausência de cidadania voluntária em favor da sociedade. Mas eu querendo mesmo sair, reconheço que esta in-felicidade do acidente [de 1 de janeiro] nos veio “baralhar muito o jogo”...
Porquê?
Calcule que há aqui, no decurso desta ou de outras situações, conclusões ou mesmo questões de que a associação resolve, e por esta ou aquela razão intentar ações em tribu-nal. Quer eu esteja cá quer não, eu era o presidente da direção destes noves anos de mandato e vou ser, obviamente, chamado aos processos, em representação do órgão so-cial a que pertenci e ainda pertenço?!... Portanto, se acontecer, eu irei a tribunal, sem qualquer dúvida, tenha saído ou não. Mas se tiver saído, é claro que a minha disponibili-dade é total para apoiar quem vier de novo e levar mesmo um mês, dois, três, quatro ou cinco ou seis, a mostrar o que fizemos e como fizemos como eventual modelo a seguir, se assim o entender quem chegar. A associação tem hoje uma boa situação de equilíbrio e até financeira, ambas sustentadas, pelo não há nenhum motivo para alguém ter medo de vir para aqui. É aproveitar o que está feito – e está muito – e continuar, se for essa a opção, já que é legítimo, ainda assim, alguém querer mudar as coisas. É sobretudo neces-sário não fazer asneiras, nem entrar em euforias. Eu gostava mesmo muito que isso acon-tecesse, porque era um sinal de vitalidade e de que, afinal, a sociedade até se interessa pelos seus bombeiros. Se não acontecer, vamos ter, todos, que ponderar bem o passo seguinte. E depois de ponderarmos, eu próprio vou ter que ponderar a forma como me posiciono. Mas uma coisa eu sei: uma casa destas não pode ficar sem órgãos sociais. Não queria nada que isso acontecesse, porque num eventual vazio, todo trabalho feito, a tan-to custo e com bastante sacrifício de pessoas e entidades, teria sido inútil.
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